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A prática mal assessorada

por: Lourenço Lustosa Fróes

   Percebe-se que nos últimos tempos o número de praticantes de atividades "outdoor" se multiplicou de forma assustadora. Comentários a respeito no clube, com os companheiros do CEP, são frequentes e todos concordam com a multiplicação inacreditável de escaladores desconhecidos e com a incapacidade técnica de alguns. Com essa deficiência técnica aguda tivemos inclusive alguns acidentes. Como exemplo, podemos citar um caso observado por um guia do CEP de um indivíduo desconhecido que deixou seu oito cair e rapelou uma escalada de quase noventa graus no braço, se entitulando "safo", e por sorte não se tornou uma tragédia; acidentes no cabo-de-aço CEPI, no Pão-de-Açúcar; e vários acidentes (inclusive fatais) noticiados vorazmente pela mídia.

 

    Seria interessante começar a documentar estes acidentes para fazermos estatísticas do número de praticantes em relação ao número de acidentes e compararmos com outros esportes.

 

    Além disto, observamos a baixa qualidade técnica das revistas nacionais. Os editores se preocupam muito com o que vende mais e na maioria das vezes estão deixando a confiabilidade das revistas de lado.

 

    É inaceitável que revistas "do ramo" publiquem erros tão gritantes como: dicas de como usar a bússola passando informações de mapas para a realidade sem mencionar declinação magnética; mapinhas estilizados onde a Agulha do Diabo é comparada a um morrote; o Rio Paquequer corre ao lado da trilha do Sino; fotos do Pico da Glória referenciando a subida do Sino; indicação do Morro do Cubaio entre o Vale das Antas e o Dinossauro; a distância lendária da travessia de 42km; um mapa onde o Sino aparece entre o Açu e Correas e, como se não bastasse, fotos do Nariz da Freira dizendo ser o Dedo de Deus! É o cúmulo da ignorância no montanhismo nacional. E para nosso azar estes mesmos editores estão produzindo as revistas que mais circulam entre os leigos do montanhismo.

 

    Estes "leigos do montanhismo" são as pessoas que gostam de uma caminhadinha ou outra e vez por outra resolvem se lançar num desfio maior como a Travessia Petrópolis-Teresópolis. O grande problema é que eles utilizam muitas vezes as informações que constam nestas revistas para sua orientação, por ignorância, por acharem que as revistas pela força que têm sobre os leitores têm um mínimo de responsabilidade com os mesmos.

 

    Infelizmente estes "leigos do montanhismo" estão enganados ou muitas vezes percebem que estão sendo enganados mas preferem estes meios do que outros talvez mais complexos para se chegar às informações. A maioria das revistas nacionais não têm um mínimo de compromisso com seus leitores e publicam indiscriminadamente informações falsas.

 

    Existem duas alternativas para estas revistas se aprimorarem: ou elas deixam de lado as informações técnicas ou elas contratam pessoas que realmente saibam o que estão escrevendo e que tenham credibilidade entre os montanhistas e não apenas entre os praticantes "outdoor".

 

    De certo existem muitas fontes confiáveis de informações, como os clubes de montanha. Os clubes exigem de seus guias relatórios das excursões de forma que se forme um banco de referências bastante confiável, com descrições de pessoas que estiveram recentemente nos locais das excursões.

 

    Vejam as fotos, leiam as descrições das excursões, entretanto, não aproveitem nada a respeito de informações técnicas, mapas e roteiros das revistas nacionais pois após várias observações me parece óbvia a questão.

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