Os freios tipo “tubo”, normalmente chamados ATC (marca da americana Black Diamond), já estão hoje consagrados no meio do montanhismo. Leves e confiáveis, dissipam bem o calor e não torcem a corda durante o rapel. Com essas características, os ATCs literalmente mandaram para o museu os tradicionais freios oito.
Recentemente a fabricante francesa Petzl lançou um freio chamado Reverso (ver figura), que curiosamente ainda é pouco visto entre os escaladores no Brasil. O Reverso nada mais é do que um freio tubo, e pode ser usado como um freio tubo tanto para dar segurança quanto para rapelar. A grande sacada está nas características incorporadas ao Reverso, que fazem dele uma ótima opção para o escalador de nível médio ou avançado.
Em comum o ATC e o Reverso têm as funções de freio dinâmico (absorvem o impacto de uma queda deixando correr um pouquinho a corda), tanto para segurança do guia quanto para segurança do participante. Ambos são também eficientes freios de descida. E o Reverso e alguns modelos de ATC são assimétricos, permitindo escolher uma opção de freio com mais ou menos atrito.
Mas o Reverso oferece também outras características que não são possíveis com o ATC, que são:
- Freio auto-blocante para segurança do participante. Desta forma o guia pode optar por dar segurança como se estivesse usando um ATC ou na forma auto-blocante, que é mais confortável e menos cansativa. Muito útil no caso de um resgate ou até para tirar fotos. A forma auto-blocante pode ser usada para se dar segurança de cima para dois escaladores em simultâneo, sendo que a queda de um deles não impede a progressão do outro.
- Ascensor. Longe de ser a vocação do Reverso, é uma característica adicional e funciona bem para subidas com pouca inclinação.
Desvantagens do Reverso:
- Preço. O Reverso custa cerca de 50% a mais que um ATC convencional.
- Peso e dimensões. A diferença é bem pequena, sendo totalmente justificada pelos benefícios.
- Dificuldade de uso. Não é difícil usar o Reverso. A questão aqui é saber quando se deve usar ou não a função auto-blocante, pois se o guia precisar descer o participante a coisa pode se complicar. Numa via positiva é fácil inclinar um pouquinho o Reverso e destravar o blocante. Mas numa via negativa com um participante pesado pode ser um verdadeiro martírio desce-lo de “baldinho”. Nessa situação o guia deve optar pela posição convencional, usando o Reverso como um ATC. No site da Petzl existem instruções detalhadas para a operação de destravar o blocante em qualquer situação, mas a operação não é exatamente simples. Daí a não recomendação de uso do Reverso por escaladores iniciantes.
Comparando rapidamente o Reverso com o desejado freio Gri-Gri, as vantagens são muitas em favor do Reverso. O Gri-Gri é um freio estático (não deixa a corda correr um pouquinho numa queda), o que pode ser perigoso para dar segurança ao guia em escaladas com quedas potenciais maiores. Além disso, quem usa Gri-Gri acaba tendo que usar um aparelho para rapel. O Gri-Gri não trabalha com cordas mais finas e não possibilita escalada em simultâneo. Isso sem contar que o Gri-Gri é mais pesado e muito, mas muito mais caro. Assim, a grande sacada do Reverso é incorporar num único dispositivo leve e de preço relativamente acessível uma ampla gama de funções que ele realiza relativamente bem. É só saber usar a função certa na hora certa.